sábado, 6 de outubro de 2018

Um domigo pra vida

Em um estacionamento de supermercado,  pleno domingo, Lucas saiu para as compras de almoço. Eram 8:30 quando ele saiu de casa, pretendendo preparar uma farta e deliciosa refeição para a sua família. Na saída do mercado, enquanto colocava as compras na mala do carro, Lucas foi surpreendido por Carlos(vulgo Carlão). O Carlos era compadre de Lucas e não aparecia há pelo menos 6 anos. Foi um encontro muito interessante e reflexivo:

-Faala Lucão, meu brother! Tudo bem, cara? Ce anda sumido demais! Como está sua família e a bebê? - (A "bebê já se encontrava com 9 anos)

-Ando nada, Carlão! Tô por aqui mesmo, vida tranquila. Você que nunca mais apareceu. A "bebê" fez 9 anos semana passada, e está bem! Que bom te encontrar aqui, por onde andas?

- Pooo cara, que vacilo meu ter desaparecido! 9 anos já? Caraca! Faz tempo que você não posta nada, poxa. Não vejo mais nada de vocês nas redes sociais, você não vai mais em festas. Resolveu virar o "certinho" agora! Hehe

-Pois é irmão, eu precisei desconectar pra viver. Foi bem difícil, mas consegui! Hoje vivo ocupado com minha família e mal tenho tempo de entrar na rede pra ver por onde anda a turma. Tenho trabalhado bastante e ajudado minha esposa com uns projetos dela.

-Você mudou muito irmão, ficou caretão né? Ajudando a esposa... Todo nos trilhos agora...

-Ah, mudei mesmo. Estou numa fase muito boa. Curto minha filha e esposa, trabalho, ajudo nos afazeres porque resolvemos dispensar a empregada doméstica. Tenho um cachorro também que é uma figuraça! Então é bem atarefado.

-Poxa cara! Parece um velho! Hahaha Aposto que acorda cedo pra varrer calçada, não é não? Eu continuo namorando a Cátia. Hahaha a "Catiaça". Inclusive to chegando agora de uma festa muito louca.

- Talvez seja isso mesmo, irmão! Talvez envelheci... Dizem que os mais velhos são mais experientes, né? Estou vivendo essas experiências todas e aprendendo muito sobre tudo! Satisfeito mesmo.

-Poxa cara, você fala como se a vida tivesse acabado. Que baixo astral! Vamos mudar de assunto?

-Vamos! Desculpe se pareci baixo astral, não era minha intenção, e nem o objetivo.

-Poxa cara, ta falando que nem "tiozinho" agora! Hahaha Bora tomar uma?

-Vamos! Eu só não vou demorar.

No bar do restaurante, em frente ao supermercado, um pede a cerveja e o outro pede um suco com frutas frescas.

-Poxa cara, nem uma cervejinha você toma mais? Estou te desconhecendo! Tá querendo virar santo agora? Depois de tanta balada, tanta zoeira que vivemos juntos... Inesquecíveis as minas que "pegamos". E você "mete essa"? To ficando bolado já! Hahaha

- Estou de carro, né? E também não posso me demorar, pois o compromisso é certeiro!

- Poxa cara, ta enjoado, hein? Hahaha Carro maneiro aquele teu, né? Tive que vender o meu por causa de umas paradas aí. Por isso agora eu nem ligo mais, posso beber direto!

-Que pena! Última vez que nos vimos foi naquele encontrão da turma da escola, né?

-Po, foi sim! Aí, to bebendo desde sexta. Rebatendo com essa aqui pra não dar ruim! Não vai mesmo tomar nem um gole? Ta geladinha, po!

-Não vou mesmo, nem um gole! Ta bacana o suco.

- Então o Lucão encaretou... Quem diria?

-Pois é... E você? O que anda fazendo?

- Ah... To tranquilaço vivendo de uns aluguéis aí. Meu coroa passou minha parte, falou que não me aturava mais em casa. Oh as ideia do coroa? Logo eu, que nem paro em casa quase.

- Hum, bacana!

-Po cara, vou nessa! Foi maneiro te encontrar. Abraço na família lá!

E cada um pagou sua conta, seguiu seu caminho percebendo completa desconexão entre vidas. Os interesses mudaram, a prioridade era outra. Mas perceberam quantas vezes o Carlos menosprezou o Lucas? Perceberam quantas críticas insanas? Por que as pessoas acham que falar desta maneira é "descolado"? Por que falam em "encaretar"? Por que desrespeitam tanto? Lucas voltou para casa com a certeza de que escolheu o padrinho errado para sua filha. E ele refletiu muito mesmo sobre aquele encontro.
Uma série de lembranças engraçadas passaram por sua mente ao longo daquela semana.
A perspectiva que as outras pessoas têm da nossa nova postura, são delas.
As críticas que desvalorizam nossa consciência sobre um novo modo de vida, são delas.
A desconexão faz parte do dia a dia. Quantas vezes precisamos nos reconectar com a calma?
Quantas vezes precisamos reconectar a sanidade?
É muito bom evoluir e perceber que a vida vazia de outras pessoas, estando elas lá na vida delas, não se conecta trazendo um imenso vazio para a sua. E para isso é preciso se resolver, sabendo o que quer pra vida!
Não dá pra largar tudo por um momento. Às vezes até acontece mesmo de um deslize. Mas a confiança é fundamental!