sábado, 26 de fevereiro de 2011

Ingrato

Todo o amor que tenho medo de sentir e doar tem durado silenciosos segundos, 
Se digo que sinto, me envergonho e sofro. 
Já não sei mais como suportar esse temor que há em mim, os traumas tiveram
mesmo impacto suficiente para transformar toda aquela euforia juvenil em 
uma fincada no peito, em tremor nas pernas, suor não mãos, lágrima contida. 
Me surpreendo ao lembrar a idade que tenho, e compreender que não foi há muito tempo atrás que adolescentemente vivi histórias cheias de emoções e algo que eu jurava ser amor.
Conheci meu lugar quando não tinha mais lugar em mim, quando o lamento não cabia mais, quando
a esperança estava sendo levada em gritos, ignorâncias e embriaguez. Hoje tenho consciência 
de que não há o que dizer ao outro quando este não lhe confia mais, quando não há o que chamamos
"Respeito"ou quando a tolerância não passa de mais uma palavra pois o sentido não se compreende. 
Meu coração tem ardido em chamas por esses dias com vontade de amar, mas eu não vou amar. 
Preciso manter o controle mesmo quando minhas mãos quase tocam, mesmo quando meus lábios 
quase beijam... Eu suspiro e finjo que nada está acontecendo, enquanto isso meu coração bate 
loucamente num frenesi inexplicável. Posso dizer "amo", mas não vou. Demonstrar o que se passa 
é arriscado demais, é mais gostoso sentir. Me pergunto, será que meu olhar muda? Será que disfarço direito? Ou estou ridícula?