quarta-feira, 30 de março de 2016

Reorganizando minha bagunça, percebi que tudo o que eu fazia, tinha um pouco (muito) de você.
Tinha você da hora que eu acordava, até a hora que eu dormia...
Estou sentida, arrumando essa bagunça toda que sua ausência causou.
Minhas células estão bagunçadas, minha pele, meus cabelos, meu humor, meus "nada pra fazer", meu nervoso, minhas lembranças, meus planos de futuro.
Estou limpando esse corpo, essa casa, essa vida que sobrou. Estou até refazendo meus dramas, minhas brincadeiras, meu jeito de falar, minhas risadas.
Sua saída mexeu com tudo em mim!
Tem hora que não passa, que trava, que choro, que sinto mesmo essa confusão de reestruturação emocional e psicológica.
Tem dia que demora, dia que passa voando, dia que tenho fome e dia que não.
Mas aos poucos estou refazendo o que sou eu sem você.
Você não tem culpa de eu ser tão visceral, tão intensa... Você só existe, e agora, eu existo sem você.

terça-feira, 22 de março de 2016

sobre as sacangens de mentes que mentem que não mentem.


um convite a gozar com o prazer alheio...
um mês e meio...


e a graça está no segredo disfarçado, querendo sair em jato.
a esperança de sair aquele bendito líquido transparente do corpo.


quando você fica aí parado esperando ler um algo que te ponha a estimular as idéias e motivar as sensações espetaculares que o cérebro pode te dar.


fica aí sentado mesmo... Fica aí, lendo e achando que não sei, o que está provavelmente fazendo...


e aproveita a hora que você quer mesmo estar sozinho, aproveita o silêncio e segura a concentração.


talvez este seja o único momento que queres estar verdadeiramente só e que sabes exatamente o que fazer.


o ato de se foder.

sábado, 12 de março de 2016

A prima-irmã do tempo

A chuva já cai lá fora pelo menos umas 5 horas seguidas, e meus dedos estão agitados para desabafar a estranheza que foi, sentir a solidão sem sofrer.
Nunca curti solidão. Sempre quis achar algo pra fazer, alguém pra chamar, algo que me faça parecer viva, porque a solidão parecia meio morte, para mim.
Conversei com meu lobo hoje, e ele me mostrou que não há o que eu possa fazer até me sentir segura com este sentimento.
Eu vim pro mundo sozinha, numa gozada morreram milhões de espermatozóides e eu cheguei ao óvulo sozinha! Vou morrer sozinha. Quando estive grávida e estava parecendo uma capivara, eu estava passando por aquilo sozinha. Quando tentei me matar, eu estava sozinha. Quando eu aprendi a fumar, estava sozinha. Quando eu descobri que estava só, eu já estava bem mais que sozinha...
e foi assim que comecei a entender de qual solidão estávamos falando...
Sobre a solidão de acordar e não ter ninguém ao lado.
A solidão de preparar sua comida, sentar-se e se alimentar.
A solidão de sair na rua para ir ao cinema.
A solidão de sentir medo ao sair para a rua.
A solidão de enfrentar a própria solidão.


Não sei até onde vai, se é consequência, se vai ser confortável, se vai passar...
Só sei que belisca a nossa pele, puxa os cabelos, deixa com fome, deixa bagunça e reorganiza... A solidão cria outro ser, e não me diga que sempre será boa, pois o propósito da solidão de cada um, é intransferível. Cada um com seu escudo, com seu vazio, com o seu cheio de nada... Com sua confusão organizada...