domingo, 23 de outubro de 2016

O choro da criança que não está aqui

Eu te vejo chorar e chora minh'alma contigo.
No cheiro que não está mais,
na escola que não vai,
no luto doloroso.
Choramos pela ruptura da vida,
pela risada que não se ouve mais.
Choramos por aquele abraço distante no tempo...
E pelo o toque das roupas limpas que não mais lavamos.
E a saudade aumenta a cada mês, cada dia e minuto sem a presença daquele ser que nos olha pelo lado de lá.
Resta a sobra de todas as memorias e todos os laços que ainda nos prendem.
Eis o respeito pela ausência de nada ter vivido e compartilhado à cerca do véu que nos tampa os olhos vendados da alma.
Que essa criança durma na Paz Celestial e que todo o Amor de conforto, seja enviado à ela.
Que nada a evolva de tristeza ou lamentos, ou solidão.
A fé permaneça em gloriosa harmonia e perene alegria sobre o que há de acontecer quando este outro lado chegar.
E que a água que escorre nos olhos, represente todo o entendimento pelo que há de vir.
E que o ventre que o acolheu, possa ser perdoado por todas as suas humanas falhas.


Amém!

quinta-feira, 5 de maio de 2016


Nada mais sórdido do que nosso riso
Nada mais torpe que o nosso beijo
Nada mais quente que nossos toques


Nada mais sujo do que minhas verdades
Nada mais claro do que suas mentiras
Nada mais doce que o nosso veneno


Nada mais resta que meu silêncio
Nada mais confunde o que eu sinto
Nada mais alto que o nosso tombo


Nada mais é, e estou aqui
Nada mais resto de nós dois
Nada mais invalidará o nosso depois.

domingo, 24 de abril de 2016

Cala a tua boca na minha e me deixa.
Deixa-me com meus vácuos ilesos,
com minh'alma intrépida
com minhas reticências soltas por aí.


Cala a tua imagem no meu pensamento.
Nas minhas miragens sujas
no meu coração cansado,
na minha voz presa.


Cala e volta como se não tivesses ido de
volta pra tua casa.
Porquê não quero saber de ninho,
não quero ver o lixo que vai sobrar.


Cala naquela foto de face perene, de ar suave, de gozo saciado.
Não quero ver além do que me importa.


Cala e vai pra sempre em silêncio dentro e fora da realidade que forjamos.
O que vivemos não dura mais...

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Emoção Progressiva


A emoção é um monstro imenso que assusta a gente. Mas o que a gente não sabe mesmo, é que ali tem só tamanho, porquê se tivermos coragem de enfrentar, descobriremos logo que é mansa...
A verdadeira ameaça está na fuga, no "deixa pra lá", no "distrair".
 Quando ignorado, o sentimento fica sem rumo e tudo o que a emoção precisa, é ser compreendida. Uma vez entendida e bem trabalhada, o alívio pleno chega a extasiar. É o gozo máximo que podemos chegar por nós mesmos.
O "parar de sofrer" imediato.
É só fazer o caminho regresso, e ter certeza de que não há mais nada naquele lugar!

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Estou aqui parada, olhando o meu pensamento pensando em nada.
Sinto meus cabelos tocando minhas costas, meus pés formigando, meu estômago roncando enquanto apetite não têm.
Sentada no banheiro, olhando para as paredes e pensando no que o nada pode me dar. Por meio do raciocínio lógico, sem esfera de compreensão, o nada subjetivo é vazio... Mas não! O nada é paz... O nada é minha consciência de existir, de simplesmente estar aqui sem pensamentos.
E quero curtir esse nada, porque ele não tem opinião, ele não me perturba, ele me estabiliza e faz meu corpo repousar. É aquele estado que a meditação alcança, e mesmo com mil técnicas, não consigo ficar o tempo inteiro assim, mas acessar, acessar já faz muita diferença boa!
Gostaria até de fazer mais texto, só que ... O nada estava muito melhor!

quarta-feira, 30 de março de 2016

Reorganizando minha bagunça, percebi que tudo o que eu fazia, tinha um pouco (muito) de você.
Tinha você da hora que eu acordava, até a hora que eu dormia...
Estou sentida, arrumando essa bagunça toda que sua ausência causou.
Minhas células estão bagunçadas, minha pele, meus cabelos, meu humor, meus "nada pra fazer", meu nervoso, minhas lembranças, meus planos de futuro.
Estou limpando esse corpo, essa casa, essa vida que sobrou. Estou até refazendo meus dramas, minhas brincadeiras, meu jeito de falar, minhas risadas.
Sua saída mexeu com tudo em mim!
Tem hora que não passa, que trava, que choro, que sinto mesmo essa confusão de reestruturação emocional e psicológica.
Tem dia que demora, dia que passa voando, dia que tenho fome e dia que não.
Mas aos poucos estou refazendo o que sou eu sem você.
Você não tem culpa de eu ser tão visceral, tão intensa... Você só existe, e agora, eu existo sem você.

terça-feira, 22 de março de 2016

sobre as sacangens de mentes que mentem que não mentem.


um convite a gozar com o prazer alheio...
um mês e meio...


e a graça está no segredo disfarçado, querendo sair em jato.
a esperança de sair aquele bendito líquido transparente do corpo.


quando você fica aí parado esperando ler um algo que te ponha a estimular as idéias e motivar as sensações espetaculares que o cérebro pode te dar.


fica aí sentado mesmo... Fica aí, lendo e achando que não sei, o que está provavelmente fazendo...


e aproveita a hora que você quer mesmo estar sozinho, aproveita o silêncio e segura a concentração.


talvez este seja o único momento que queres estar verdadeiramente só e que sabes exatamente o que fazer.


o ato de se foder.

sábado, 12 de março de 2016

A prima-irmã do tempo

A chuva já cai lá fora pelo menos umas 5 horas seguidas, e meus dedos estão agitados para desabafar a estranheza que foi, sentir a solidão sem sofrer.
Nunca curti solidão. Sempre quis achar algo pra fazer, alguém pra chamar, algo que me faça parecer viva, porque a solidão parecia meio morte, para mim.
Conversei com meu lobo hoje, e ele me mostrou que não há o que eu possa fazer até me sentir segura com este sentimento.
Eu vim pro mundo sozinha, numa gozada morreram milhões de espermatozóides e eu cheguei ao óvulo sozinha! Vou morrer sozinha. Quando estive grávida e estava parecendo uma capivara, eu estava passando por aquilo sozinha. Quando tentei me matar, eu estava sozinha. Quando eu aprendi a fumar, estava sozinha. Quando eu descobri que estava só, eu já estava bem mais que sozinha...
e foi assim que comecei a entender de qual solidão estávamos falando...
Sobre a solidão de acordar e não ter ninguém ao lado.
A solidão de preparar sua comida, sentar-se e se alimentar.
A solidão de sair na rua para ir ao cinema.
A solidão de sentir medo ao sair para a rua.
A solidão de enfrentar a própria solidão.


Não sei até onde vai, se é consequência, se vai ser confortável, se vai passar...
Só sei que belisca a nossa pele, puxa os cabelos, deixa com fome, deixa bagunça e reorganiza... A solidão cria outro ser, e não me diga que sempre será boa, pois o propósito da solidão de cada um, é intransferível. Cada um com seu escudo, com seu vazio, com o seu cheio de nada... Com sua confusão organizada...

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Hoje foi a vez da Amizade...

Estava aqui refletindo sobre esse lance de ser amigo e foi como se eu estivesse parada com 5 ruas na minha frente, e uma atrás de mim. Nenhuma rua teria nome, apenas um caminho incerto...
Vamos começar por mim, uma mulher de 20 e muitos, e completamente fora dos padrões sociais. Tem várias partes legais em ser diferente, mas não significa que de vez em quando, eu não quisesse ter um ou outro momento "padrão" na vida.
Já discerni amizade de coleguismo há muito tempo, e é por isso que estou curiosa sobre meus bons amigos.
Aquele perfil virtual básico, então... Falo um monte de coisas lá, e observo um monte de inutilidades também. Comportamentos... ah..
Sabe aquele app que manda mensagens o tempo todo? Aqueles grupos que anunciam amizade infinita? Humm, estou analisando também.
Juro que, ou eu sou falsa, ou amizades mudaram de valor e não me atualizei ainda, ou estão sendo falsos comigo...
Tem algo errado quando falo da minha vida... Acho que toquei no ponto que precisava!
Ou a minha vida é uma sucessão de fracassos e histórias ruins, ou ninguém viu as mensagens que mandei, ou ainda é que o povo não queira "se meter", ou é porque seguram pra não me mandarem para aqueles lugares...
ufa!
Quando a gente se abre para o amigo, acreditando mesmo que ele seja nosso amigo, é uma entrega emocional, um ato de coragem em confiar parte de nossa vida... Pense comigo, você gosta de ser ignorado com aqueles emoticons? Com uma palavra solta depois de uma confissão de 50 linhas, do tipo... "verdade" ou "poxa"...
ok, entendi, estou sendo inconveniente e nossa amizade não serve para isso. Serve apenas para eu te mandar fotos bem maquiada, com bebidas alcoólicas na mão, em festas exóticas, ao lado de bofes escândalos, em carros de luxo, comendo em restaurante ou viajando para algum lugar que você ainda não tenha ido?
E se for para eu falar então, que seja sobre fofocas quentes e comprometedoras, sobre um esmalte novo, um axé do momento...
Oi?
Estou confusa, não sei mais ser interessante nessa época em que tudo é feito de aparências. Não sei se as amizades nascidas há anos, vão sobreviver às futilidades.
Sou antiga... Prefiro ser assim...
Tem também aquele amigo que você conta sua vida e ele lhe dá a saída, dizendo o que você VAI fazer, e se não o fizer, com o tempo vai perceber que era uma ordem. Que a amizade não existe mais por causa daquele detalhe... Não pratiquei o conselho de fulano, deve ser por isso...
Tem aquele amigo que te conhece há décadas e se acha no direito de dizer coisas horríveis na sua cara, justificando ser amigo e querer "ajudar" , vendo que você está ali péssimo e decepcionado, ele vai embora acreditando que te motivou e fez bem.
Isso só pode ser a vida pregando uma peça, uma piada... Não é possível! Onde estão aqueles amigos que te chamam pra assistir um filme em casa e sem luxo?
Onde está aquele amigo que faz um bolinho de aniversário para o filho ou a mãe e te chama?
Onde estão as pessoas que aparecem na sua festa sem que esta, seja comemorada na casa de festas mais cara da cidade?
Onde está o seu amigo?
Onde estão os meus amigos?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Amor - a saga da solidão - parte 1

Por esses dias, tenho refletido muito sobre o amor, e acabei tirando o glamour que ele tem, para tentar me explicar de fato, como ele funciona. Acho que amar não tem nada a ver com a euforia das emoções que a gente coloca nas músicas, na arte, na poesia...
Amor é mudança. Mas por que mudança?
Quando eu era mais nova, sentia uma bola de adrenalina se arrebentando dentro do meu peito. Hoje, depois de viver dosando métodos de doar esse sentimento, dá um medo grande de amar.
Claro que gostaria que aquela bola ainda se arrebentasse em borboletas lindas e materializasse coisas genuínas a minha volta...
É mais profundo ainda do que posso explicar, não tem voz, não tem gozo, nem rosas, nem nada.
O amor está em repouso experimental.
Por mais que tentemos materializar o que é o amor, vai sempre acontecer menos do que o esperado, porque o amor não satisfaz com que o conhecemos. Ele é o intervalo, o silêncio depois da música, a idéia da criação.
O amor se ama , não precisa acontecer para que possamos vê-lo pois, não há nada mais perfeito do que ele ali parado sozinho.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Presa do que me alimentar
Presa de me limitar
Presa de tudo o que penso
Presa de cansar e esperar


Presa de falar
Presa de medir
Presa de calar
Presa de medir


Presa de calcular
Presa de engolir
Presa de gritar
Presa de ferir...


E mais uma madrugada chegou...
O calor está no corpo, o frio está na alma...


"mas não vou chorar, se você quiser partir, às vezes a distância ajuda. E essa tempestade um dia, vai passar."
Tem horas na vida, em que as coisas parecem difíceis de resolver.
Daí a gente acha que está se sentindo mal. No fundo, é medo que envolve. É insegurança que paira, é nervo que estala, é uma sombra que passa...
O medo vai embora numa decisão, numa estratégia que dá certo, numa esperança que ressurge.
Sim, já tive muitas vezes, o vazio do chão sob meus pés, e sim, já tive com os pés por cima do chão.
O vazio vai embora em uma decisão...
O vazio vai embora, a tristeza vai com ele, o desespero vai também.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

os olhares se tocaram, foi fácil perceber.
as bocas salivaram
as mãos não se tocaram, e da pele, saía fumaça.
nada houve, senão uma sensação de desejo contido.


mas a conversa era brasa...
na pausa, ouviam-se as respirações ofegantes
e ainda sim, nada houve.


mas ela continuava observando aquele perigoso cálculo entre os quais, nada podia se fazer.


e a noite continuava persuadindo os amantes que pouco se podiam querer...


nada houve!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Não consigo entender onde perdi minha paixão.
Não dá pra crer que isso me aconteceu!

domingo, 31 de janeiro de 2016

Mãe, o meu pai gosta de mim?
-Sim!
E por que ele não demonstra se importar?


Recomeça minha saga emocional, minha busca eternal por respostas.
Nem sei se o meu pai gosta de mim, nem sei se ele se importa, como vou responder isso para meu filho?


Como arrancar de dentro do meu peito e do peito do meu menino, esse imenso vazio?
Como insistir em cultivar sentimentos de perdão e compreensão, se não os temos?


Por causa desses vazios, o mundo agita.
Por causa desses vazios, nossos corações sangram.
Por causa desses vazios, não há o que dizer para meu filho...


Somente...
Estou aqui contigo e me importo com você, te amo e te quero próximo. Vamos viver nossos vazios, juntinhos.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Sabes que tenho o dom de ouvir
e noutras noites seu canto esteve ausente
a meus ouvidos e pensamentos.
Ora passarinho, não te apresentou pessoalmente,
nunca lhe vi sorrir
nem sei qual, a natureza de sua graça. Canta para mim, o teu nome.


Amo quando balbucias às 4 da manhã,
hora sagrada do meu adormecer, em outras épocas.


Passarinho, traga-me com mansidão para o teu ninho, faça morada em meu coração.


E às quatro, irei lhe ouvir, de alma acesa, com fragrância de alvorada, em amanhecer de sol iluminando a minha estrada, sonharei, meu amado passarinho.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Sobre o que um dia te disse, sobre o que um dia te direi...

Existe um dia após o outro.
E tudo o que há de vir, lá na frente, é chamado de caminho.
E mesmo tendo dúvidas sobre o que existe depois da porta, não há porque negar, nem mesmo em silêncio, a existência de algo superior.
Supremo ao pensamento e a ação.
Supremo à nossa limitada condição.

(Stella Schiavo)